Definições

Tens dislexia

Mas não há problema

 Podes melhorar

Mas não te podes curar?

 

 

A palavra DISLEXIA provém do grego dyslexis e é composta pelos radicais “dis”, que se refere a uma ideia de difícil e “lexia”, que significa palavra. No seu sentido literal, o termo refere-se, portanto, a dificuldades na aprendizagem da palavra (Montenegro, 1974). Na Comunidade Europeia estimam-se que haja pelo menos 22 750 000 pessoas com dislexia. 

 

       A dislexia é um fenómeno de grande complexidade e muito abrangente e por este motivo, as definições apesar de inúmeras, reúnem algum consenso. Segundo o Dicionário Webster, (Webster, 1987) a dislexia é um distúrbio no domínio da capacidade de ler, por sua vez a Grande Enciclopédia Universal (2004) descreve dislexia como uma perturbação da leitura que se traduz pelo aparecimento de lacunas e erros. Por sua vez, a Federação Mundial de Neurologia define-a como “a dificuldade na aprendizagem da leitura, independentemente da instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural”.

No entanto, a dislexia não é assim tão simples como estas definições o fazem parecer. Se Fichot (1971, p. 21)) descreve a dislexia apenas como uma dificuldade na aprendizagem da leitura, na perspectiva de Henning (2003, p.5) a dislexia caracteriza-se por uma dificuldade recorrente em processar informação de carácter fonológico, que se reporta à identificação, articulação e uso dos diferentes sons da língua.

Assim sendo, Antunes (2009, p. 48) resume a dislexia com a seguinte clareza: “é uma dificuldade na aprendizagem da leitura que resulta lenta, silabada ou com erros (…)”.  De acordo com a Drª Sally E. Shaywitz, doutorada em Medicina, da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, os disléxicos têm dificuldade em separar as palavras faladas nos respectivos componentes sonoros e em fazer corresponder estes sons às letras que os representam. Neste seguimento, Frank (2004, p. 20) afirma que a dislexia vai muito além dos problemas de leitura, implica também ter dificuldades na escrita, nas relações espaciais, nas indicações de orientação, na gestão do tempo, na recordação de palavras e com a memória.

Torres e Fernandéz (2001) definem dislexia como uma perturbação da linguagem que se manifesta na dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, em consequência de atrasos de maturação que afectam o estabelecimento das relações espácio-temporais, a área motora, a capacidade de discriminação perceptivo-visual, os processos simbólicos, a atenção e a capacidade numérica e/ou a competência social e pessoal, em sujeitos que apresentam um desenvolvimento adequado para a idade e aptidões intelectuais normais.

Há ainda a salientar, que a maioria dos disléxicos têm uma inteligência média ou acima da média, que não têm falta de inteligência, embora a dislexia afecte competências relativamente à ortografia, à compreensão da linguagem, ou à expressão clara quer na escrita e quer na fala. Apesar de muitas vezes serem rotuladas como preguiçosas, o cérebro das crianças disléxicas esforça-se bastante.

Filomena Damil Ferreira