Valente (2002) constata que os computadores têm estado presentes no processo ensinoaprendizagem praticamente desde em que foram inventados. Os computadores foram, outrora, utilizados como máquinas de ensinar e presentemente são vistos como relevantes auxiliares na aprendizagem, como verdadeiros construtores de conhecimentos que os alunos vão adquirindo ao longo da vida académica.
A entrada do computador na educação tem incitado uma verdadeira revolução na conceção de ensino e aprendizagem. Em primeiro lugar, os computadores podem ser usados para ensinar. O número de programas educacionais (softwares) e as díspares modalidades de uso do computador revelam que esta tecnologia pode ser muito útil no processo de ensino-aprendizado. Em segundo, a análise desses programas (softwares) indica que, num primeiro instante, podem ser caracterizados como naturalmente uma versão computadorizada dos vigentes métodos de ensino. A história do desenvolvimento do software educacional demonstra que os primeiros programas nesta área são versões computadorizadas do que ocorre na sala de aula (Valente, 2002).
Segundo Anderson (1991), a tecnologia tem vindo a ser utilizada de modo inovador e criativo a fim de tornar o aluno mais competente. Nos últimos dez anos, o computador pode ser considerado um dos instrumentos que melhor pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem (Joly, 2002).
De acordo com Valente (1998), para que a educação use a informática de uma forma qualitativa, é indispensável que sejam articulados quatro aspetos: o computador, o software educativo, o professor e o aluno.
A interação entre software educativo, professor e aluno transporta incalculáveis benefícios na formação dos alunos. A utilização do computador pelo professor, como sendo um instrumento pedagógico, transforma as aulas muito mais aprazíveis e enriquecedoras para os alunos, salientando que o software utilizado deverá ir ao encontro aos objetivos antecipadamente delineados (Valente, 1998).
De acordo com estudos efetuados pelo “The Educational Products Information Exchange (EPIE) Institute” uma organização do “Teachers College”, Columbia, E.U.A., foram reconhecidos em 1983 mais de sete mil pacotes de softwares educacionais no mercado, sendo que cento e vinte e cinco eram adicionados a cada mês.
Estes cobriam principalmente os domínios da matemática, das ciências, da leitura, das artes e dos estudos sociais. Dos sete mil trezentos e vinte e cinco programas educacionais (softwares) mencionados no relatório da Office of Technology Assestment (OTA), sessenta e seis por cento eram do tipo exercício-e-prática, trinta e três por cento eram tutoriais, dezanove por cento eram jogos, nove por cento eram simulações e onze por cento eram do tipo ferramenta educacional (um software consegue e pode utilizar mais do que uma abordagem educacional). Esta produção densa de softwares sucedeu durante unicamente três anos após a comercialização dos microcomputadores. Nos dias de hoje é quase impossível nomear o número de softwares educacionais concebidos e comercializados.
A escolha de um software adequado possibilita o desenvolvimento e a organização do pensamento, tal como, desperta o interesse e a curiosidade dos alunos, sendo estes aspetos alicerçais para a construção do conhecimento. Os softwares proporcionam, ainda, uma maior interação entre o aluno, o professor e o ambiente de aprendizagem (Valente, 1998).
O computador não substitui o professor mas a assistência fornecida pelo mesmo em situação de leitura independente e as explicações do professor combinam-se de maneira eficaz (Morais, 1995).
Por uma perspetiva, o computador, ensina o aluno através do software. Por outra perspetiva, o aluno, através do software, consegue “ensinar” o computador. O computador ao ensinar o aluno, o computador adota o papel de máquina de ensinar e a abordagem educacional é o ensino auxiliado por computador. Esta abordagem tem as suas raízes nos métodos de instrução programada tradicionais contudo, ao invés do papel ou do livro, é utilizado o computador.
Os softwares que usam esta abordagem podem ser divididos em duas categorias: tutoriais e exercício-e-prática (“drill-and-practice”). Outro tipo de software que permite ensinar são os jogos educacionais e a simulação (Valente, 1988).
Taylor (1980) categoriza os softwares educativos em tutor (o software que ensina o aluno), tutorado (software que consente que o aluno ensine o computador) e ferramenta (software com o qual o aluno manuseia a informação). Deste modo, o software tutor corresponde aos programas onde o computador ensina o aluno. Os softwares do tipo tutorado e ferramenta correspondem aos programas onde o aluno “ensina” o computador. Outros autores preferem classificar os softwares educativos de acordo com a maneira como o conhecimento é manipulado: geração de conhecimento, disseminação de conhecimento e gerenciamento da informação (Knezek et al., 1988).
A preocupação à volta da inclusão das novas tecnologias[1] na realidade educativa tem sido cada vez maior, sendo regularmente tema em refulgência em reconhecidos fóruns internacionais.
O documento saído da V Conferência dos Ministros da Educação Europeus, em 2001, é um exemplo claro desta preocupação constate. Neste documento, foram expressos fortes e válidos argumentos que fundamentaram a premência da integração das TIC na escola. Passa-se a arrolar alguns desses argumentos:
a) a necessidade de preparação de cada indivíduo agora estudante para a vida ativa e o mundo laboral, onde as TIC estão inexoravelmente presentes;
b) a justiça na criação e manutenção de igualdade de oportunidades, entre os alunos, no acesso às TIC;
c) as novas formas de encarar as relações pedagógicas entre os alunos, professores e encarregados de educação, que as TIC permitem;
d) as novas possibilidades que as TIC são capazes de compreender o mundo, especialmente o científico, com recurso aos programas de simulação;
e) as mais-valias que as TIC oferecem para o ensino de alunos com Necessidades Educativas Especiais;
f) a possibilidade de troca de saberes e experiências com outros alunos, com comunidades científicas, etc.
g) a justiça na criação de igualdade de oportunidades, entre os alunos, no acesso às TIC;
h) as novas formas de encarar as relações pedagógicas entre os alunos, professores e encarregados de educação, que as TIC permitem;
i) as novas possibilidades que as TIC permitem compreender o mundo, especialmente o científico, com recurso aos programas de simulação;
j) a possibilidade de troca de saberes e experiências com outros alunos, com comunidades científicas, etc.
De uma forma sintética, segundo Corte (1990) o computador está caracterizado por um equilíbrio entre a aprendizagem por descobrimento e a exploração pessoal por um lado e por outro, entre o ensino sistemático e a ajuda do professor; sempre levando em consideração as diferenças individuais da capacidade, necessidade e a motivação dos estudantes.
Valente (2002) refere que os softwares integram uma versão computacional da instrução programada. A vantagem dos softwares é o facto de o computador poder expor o material com outras características que não são admitidas no papel como por exemplo, a animação, o som e a manutenção do controle da performance do aprendiz, auxiliando o processo de gestão das aulas e possíveis delineamentos de remediação.
Para além destes benefícios, os softwares são muito utilizados pelo facto de consentirem a entrada do computador na escola sem incitar muita mudança — é a versão computadorizada do que, por norma, já acontece na sala de aula. O professor carece de pouco treino para o seu uso, pois, à partida o aluno já conhece o seu papel como aprendiz, e os softwares primam pela sua paciência infinita (Valente, 2002).
[1] Algumas medidas de política educativa provocaram mudanças no acesso das crianças ao computador. Assim, em 2001-2002, houve a instalação em todas as escolas do ensino básico-1º ciclo de um computador multimédia com ligação à Internet por linha RDIS. Em 2002-2006 foram desenvolvidos programas de acompanhamento e desenvolvimento de competências básicas nos professores e alunos do 1º ciclo (Internet na escola, depois CBTIC@EB1). http://www.crie.minedu.pt/index.php?section=28. Finalmente, em 2007-2008, muitas escolas receberam quadros interativos multimédia.